Nota pós-Notícia

Globalização...o sentido da palavra não está associado apenas a unicidade com que as notícias percorrem o mundo com o advento da informática. O complexo sistema disponibiliza, mas também controla o que deve ou não ser publicado. "pós-Notícia" é o discorrer dessa informação, o intercalar das inúmeras notícias que recebemos todos os dias e as desconsideramos ao final deste. Você já pensou que estas, por mais estranhas e opostas que pareçam, possam estar interligadas?

Minha foto
Nome:
Local: Rio de Janeiro, Brazil

quinta-feira, maio 08, 2008

NOVO BLOG

Informo, tardiamente é verdade, que este blog agora se encontra no endereço http://notaposnoticia.wordpress.com

O Nota pós-Noticia agora está ilustrado. Confira...

Daniel Lopes

quarta-feira, setembro 05, 2007

"FUTURO" - Desconstrução

O futuro não existe e ponto. O que existe é um conjunto de regras, raciocínios, desejos e crenças que nos levam a construí-lo. Claro, que muitas vezes tais cálculos se perdem, se confundem ou simplesmente se enganam, mas a verdade é que a constante dedução barata do que está por vir, acaba por fomentar ainda mais sua existência. Criar o desenrolar de algumas ações, rascunhar determinadas reações ou vislumbrar possibilidades é projetar atitudes e construir o tempo em um tempo que não existe.

Não se pode contar com o que ainda não se concretizou. A concretização, no caso, é a realização, isto é, seu nascimento. Por uma questão cronológica, tudo se inicia na precipitação ao tempo de nosso raciocínio, o que chamamos futuro, se desenvolve e se concretiza durante a realização do seu momento, o que chamamos presente, e se finda e se fundamenta na perpetuação de sua existência, o que chamamos passado.

Todas as nossas atitudes, no entanto, são voltadas ao futuro. Mesmo quando pensamos em não de deixar de fazer algo, é esperando o alcance de um objetivo, mas mesmo assim buscar alcançar um objetivo é nos precipitarmos ao tempo; algo que ainda não é. Este “ainda não é” está no futuro; é o futuro, mas é também, para nós, a prévia concretização até que, por fim, se realize e satisfaça nosso desejo; a falsa idealização de sua existência.

Portanto, pensar no futuro, não é uma atividade exclusiva dos religiosos, mas a maneira como o religioso encara esta metáfora o difere de um descrente. Em suma, o princípio religioso atina para decisões em prol de uma conduta digna para que só após essa submissão possa gozar de sua correta postura. Em outras palavras, somados todos os atos, desenha-se o perfil espiritual e este será seu cartão de apresentação a cada uma das divindades creditadas nas diversas vertentes religiosas.

O futuro é e sempre será obscuro até ao mais relapso ou otimista dos seres humanos. Sua “não-existência” o torna ainda mais intrigante e polêmico, a ponto de conduzir-nos a cartomantes e outros leitores de destinos quando sozinhos não somos capazes de alcança-lo.

O futuro só passa a existir quando deixa de ser futuro.

Daniel Lopes

terça-feira, abril 17, 2007

"ARTE EM CHOQUE" - Desconstrução

Em 1935 o filósofo Alemão Walter Benjamin (1892 – 1940) no ensaio A Obra de Arte na Era da Reprodutibilidade Técnica, levantou uma discussão acerca das novas técnicas de reprodução artística. Segundo Benjamin, o advento do cinema e da fotografia não apenas abrangiam todas as formas de arte conhecidas até então, como também se inseriam como novas manifestações artísticas. Tais manifestações, no entanto, colocavam em choque valores antigos de contemplação da unicidade existente nas obras de arte.

DISSOLUÇÃO DA AURA

A reprodução do que se entendia por arte, materializada pela fotografia e pelo cinema, não mais permitiu a distinção da arte autêntica e sua cópia. A reprodução também influenciou no acesso da massa às obras. O que antes era bem restrito tornou-se amplo e dissipado. O cinema e a fotografia quebraram a barreira do espaço-tempo. Assim, o caráter de unicidade da obra tradicional foi diretamente afetado, desconstruindo, desta forma, a noção de aura, existente na contemplação artística. Isso porque a apreciação de uma obra envolve o modo de sentir e perceber e tais sentidos se formulam pelo caráter único e estritamente localizado de uma obra. Com a quebra do espaço-tempo, uma vez que sua reprodução podia se dar em qualquer lugar, o que não acontecia com a original no museu, e quando quisesse, pois a reprodução era ilimitada, o cinema, em especial, adquire uma significação social inédita possibilitando que a massa entre em contato com a arte, elemento tradicional da herança cultural.

EXIBIÇÃO E PERSONAGENS

A nova arte, no entanto, exige uma nova leitura. A mediação do aparato técnico e a massa representada pela lente da câmera são responsáveis pela captura e restrição do que se entende útil ao contexto. Desta forma, mesmo o ator tem sua atividade diretamente afetada, uma vez que sua atuação não permite, como em outras manifestações, um envolvimento participativo e interativo a exemplo do teatro e sua imediação. À frente de uma equipe técnica especializada a performance do ator é muito mais em cima de sua própria personalidade; performance de si mesmo. Por este motivo o desempenho do ator de cinema e muito mais desprovido de aura tal qual personagens interpretados por ele.

MONTAGEM E EDIÇÃO

Walter Benjamim, cita ainda, que é na montagem que o processo criativo do cinema se mostra ainda mais criativo. Por intermédio da alteração da percepção e apreciação da estética a montagem cinematográfica faz emergir choques audiovisuais entre planos e cenas. Sendo assim, a concentração e contemplação exigida pelas obras de artes tradicionais, deformam-se no cinema, que utiliza a conjugação de imagens à indução de um raciocínio. Logo, a apreciação da arte no cinema é distraída, uma vez que a associação de idéias é interrompida tanto pela velocidade do filme quanto pela edição de cenas inseridas no contexto desejado. O cinema não se faz só com os olhos e sua recepção apenas visual. O cinema, esta inovadora arte, é tátil e engloba os sentidos como um todo.

Daniel Lopes

domingo, março 18, 2007

"MUNDO PUBLICITÁRIO" - Celofane

Tempo é dinheiro.

Uma das profissões que mais lida com esta relação é a publicidade. Aliás, publicidade é simplesmente a força motriz de movimentação do atual mundo capitalista. Diga-se de passagem, talvez seja o mercado que mais evoluiu nos últimos 20 anos. Com o advento de novas tecnologias, o mercado publicitário se cobrou novos rumos e cada vez mais informatizado e inserido no consenso das sociedades contemporâneas, os limites para o publicitário simplesmente ruíram.

Quem não é visto, não é lembrado.

Na atual sociedade, vulgar se tornou sinônimo de boa qualidade. Sabendo disso o publicitário soube bem utilizar esta arma em seu benefício. A publicidade redescobriu o funcionamento do mercado, provou que ser conhecido representa maior procura, maior procura representa valorização, valorização representa lucro e tudo se tem início na divulgação da marca. Quantas vezes você já desistiu de comprar algo só porque nunca ouviu falar?

Imagem é tudo.

Novas tecnologias possibilitaram não apenas o desenvolvimento de melhores peças publicitárias, bem como melhorias nos principais veículos de exploração da imagem, que atualmente respondem por televisão, rádio (imagem no sentido metafísico) e a cada vez mais forte internet. A sociedade contemporânea cobrou, também, maior responsabilidade, por parte do segundo setor, em questões sócio-ambientais. Rapidamente publicitários e assessores buscaram conciliar a imagem de seus clientes a tais questões, gerando fomento a organizações não-governamentais e investimentos em projetos e campanhas de utilidade pública.

Onde todos ganham.

O mercado tem dinheiro e quer ser conhecido para ganhar mais dinheiro; o publicitário tem a técnica e quer tornar seu cliente mais conhecido para ganhar dinheiro; a TV tem o espaço e quer ser mais conhecida para proporcionar às empresas a serem mais conhecidas para ganhar dinheiro. Todos querem dinheiro; seu dinheiro. Você quer consumir; eles querem seu consumo. Então você dobra sua carga de trabalho para ter mais dinheiro para aumentar seu consumo para gerar mais carga neste motor. Eis o mundo capitalista.

Em tempo.

Logo que as partidas de futebol foram inseridas na programação das emissoras de TV, anunciantes perceberam a excelente oportunidade de divulgação de imagem. Logo o espaço de placas publicitárias nas laterais dos campos se tornou pequeno, então empresas, buscando expor suas logos, e clubes, buscando finanças, juntaram-se para que suas imagens fossem familiarizadas do público consumidor em potencial. Mas o mercado de divulgação queria mais. Sendo assim, entraram em contato com as emissoras para que, durante a transmissão, fossem exibidos anúncios nos cantos da tela. Era pouco. Os placares foram aumentados possibilitando um espaço destinado, exclusivamente, a propagandas comerciais animadas. Ainda era pouco. Então perceberam a ótima oportunidade de deitar anúncios no campo, na parte externa ao lado das balizas, desta forma não apenas suas imagens seriam divulgadas durante os jogos, com também após, durante re-exibições dos gols em telejornais. Mas claro, era pouco. Então algumas emissoras, por intermédio de animações gráficas, imputaram postes e outros chamativos publicitários artificialmente nos gramados. São belíssimos, mas a criatividade é o que realmente impressiona.

Enfim, atualmente outro membro fora inserido aos portadores de anúncios comercias: “seu” juiz. Pois é. O árbitro da partida, já há algum tempo, ostenta em suas costas anúncios comerciais maiores até que os dos próprios atletas. Avaliando por este ponto de vista, penso que futuramente nossos os jogadores e juízes usarão calças e camisas compridas, possibilitando maior espaço as peças publicitárias. Mas acho que a grande sacada vai ser na bola. Em breve – acreditem! – somente uma fina camada, transparente e externa girará, sendo assim uma outra camada interna com logos empresariais ficará sempre nunca mesma posição por mais que a bola gire. Um golaço do time dos publicitários. Sem dúvida, verdadeiros campeões.

Daniel Lopes

quinta-feira, fevereiro 08, 2007

COMENTÁRIO GERAL, TVE BRASIL

Sob o comando da jornalista e atriz Larissa Prado, o Programa Comentário Geral está de volta com suas curiosidades, comentários inteligentes e pontos de vistas inusitados sempre, claro, seguindo o tema da semana. Quinta às 21h, sábado às 22h, na TVE Brasil.

segunda-feira, janeiro 29, 2007

"DONOS DO PEDAÇO" - Celofane

A noite carioca chegou a um ponto, no mínimo, curioso. Noite, mas poderia tranqüilamente citar qualquer período do dia de uma pessoa que esteja transitando pelas ruas da cidade maravilhosa. Engraçado seria, se trágico não fosse. Já foi a época que nossa única preocupação era pegar um caminho menos perigoso, mais iluminado ou, até mesmo, o mais rápido. Por outro lado, tais preocupações não necessariamente encontram-se extintas. Apenas um outro preocupante fator ganhou destaque. Hoje carioca tem medo é de “flanelinha”.

Engano pensar que houve redução nos índices de criminalidade. Ela apenas mudou de cara, nome e atende de forma quase lícita, pois a idéia já está tão incorporada que a atividade não sugere qualquer tipo de fiscalização. Ela simplesmente existe e ponto.

O raciocínio e, no mínimo, interessante: você se desloca ao local desejado, observa um ponto de parada de seu interesse e direciona seu veículo. O local não sugere qualquer sinal de propriedade particular. Desde que respeitadas as normas de trânsito, você como cidadão tem o direito de utilização daquele espaço. Eis que surge, então, alguém que indica o local exato onde você deve estacionar, como, exatamente, o carro você deve deixar e, principalmente, quanto, significativamente, você deve pagar. Tal taxa representa a realização da atividade de guarda de seu patrimônio em seu benefício. Olha que lindo! Pena que a denominação do termo “imposto” nunca tenha sido tão bem representada.

Tudo bem, o espaço é público, você faz parte do “público”, mas “lamento amigo, a área é minha, eu vi primeiro”. É isso mesmo. Ele é o “dono do pedaço”. Você não está pagando a proteção do seu carro contra bandidos, e sim contra o próprio que diz estar guardando seu patrimônio. Bom, neste caso ele também responde pela denominação “bandido”, mas “flanelinha” é seu codinome, uma clara referência as primeiras manifestações da atividade, quando os homens que a executavam carregavam consigo flanelas que utilizavam para sinalizar o trânsito e lustrar o veículo enquanto o “seu dono não vem”. A flanela, quase que totalmente, desapareceu junto com os homens de bem. Ainda, em poucos lugares, encontramos legítimos “flanelinhas”. Deve ser mais fácil encontrar um mico-leão dourado em compras de Natal no Saara.

Avisar não custa: jamais tente enganar um deles. Estão sempre lidando com pessoas que tentam se esquivar de seus serviços. Em outras palavras, são muito mais espertos que você. Os donos do pedaço movimentam um negócio de dar inveja a muitos micro-empresários e o não-pagamento de seus préstimos pode gerar arranhões métricos no seu veículo. Não invente! Se você não quer pagar, não pare! Vá procurar outro lugar. Porque aquele tem dono... e ele cobra o aluguel.

Daniel Lopes

sábado, janeiro 13, 2007

"HOJE EU ACORDEI" - Celofane

Hoje eu acordei ateu.

Faz pelo menos 10 horas que estou dormindo, acordo e ainda é noite. Ela é mais longa hoje. Triste. Toma-me um falso sentimento de culpa. Matei Deus e seus soldados. Sento-me à cama. Quero não acreditar, mas meus pensamentos lógicos estão misturados em cada uma das sensações que passo. Não me soltam. Não me deixam. Rendo-me contra minha vontade. Contra minha esperança. Deus não existe hoje pra mim. O que faço? Como posso viver assim? Cercam-me os que crêem. Culpam-me os que crêem. Não tenho a intenção. Sou vítima de meus cálculos matemáticos. São certos. Não restam dúvidas. O Big-Bang faz muito mais sentido que Adão e Eva ou a cobra e a maçã. Feliz os tolos que acreditam. Vivem felizes os dias de amanhã. Dias que não vêem amanhã. Amanhã que não existe pra mim... infelizmente. Sou pequeno. Sou nada. Não existia antes de nascer, não vou existir depois de morrer. É simples, trágico e muito, muito doloroso. Meus heróis não morreram de overdose. Morreram loucos. Como poucos. Por isso foram heróis idolatrados por pessoas que ainda existem e cegamente não acreditam no que eles diziam. Mas eu acredito, hoje, para o meu completo desespero. Sabiamente alguém escreveu, o que outrora se tornou parte do livro sagrado, que a maçã traria o conhecimento que detinha o Pai e por isso tal proibição. O amargo gosto desta fruta desfruto agora. Torno-me aos poucos tão grande quanto Deus a ponto de não enxerga-lo. De não compreende-lo. De não escuta-lo. Uma pena. Queria que hoje não existisse, como não vou mais existir um dia. Queria não ter estes heróis. Queria apenas idolatra-los como o rebanho dos que neles não acreditam. Queria ser cego, surdo e mudo pra reduzir a quase nada minhas vontades, apenas seguir o fluxo e viver pra sempre.

Hoje eu acordei

Virei-me na cama e avistei um Homem à margem dela. Não via Seu rosto. Sua expressão. Via em Seus lentos movimentos, o cuidado de quem me faz um bem. Não falo. Não responde. Nosso diálogo não sugere palavras, mas gestos. Ele não precisa delas. Estranho como o dia clareou rápido e junto com ele, minhas esperanças. Meus olhos estão alegres e molhados. Sinto cada parte de meu corpo por centímetro de vitalidade. São unidades de medidas conhecidas por homens do rebanho, e por mim, apenas hoje. Não perdi tempo antes de conhecer este Senhor, mas ganhei o tempo que daqui virá. Não me levanto. Não me sento. Estou mais que confortável. Estou vivo. Nasci hoje. Não calculo mais. Meu Pai não criou números. Criou homens. O Homem à beira da cama se afasta e logo entendo que precisa visitar outros homens que dormem. Existem poucos que não acordam, mas muitos estão sonolentos. Sono lento que leva 10 horas e não desperta o dia que com luz clareia o caminho. Hoje ganho novos heróis. Antigos, agora os idolatro não acreditando em seus brilhantes retalhos. São homens, criativos como só e vítimas de seus cálculos construídos por números não criados pelo Pai, como si próprio. O Homem se foi em corpo, mas o dia claro, fresco e pacífico me traz uma boa sensação de que ele volta quando eu precisar, no momento que eu precisar, sem palavras ou números, pra mostrar que Ele sempre existiu e eu, a partir de hoje ou apenas hoje, vou existir pra sempre...

e... vice-versa.

Daniel Lopes